Em 1974, Johan Cruyff, Rinus Michels e companhia mudaram para sempre como o mundo olhava para Holanda em Copas do Mundo. O país, que já encantava pelo futebol do Ajax, a partir dali, ficou conhecido como a “Laranja Mecânica”, berço do futebol total. E o apelido que fazia referência à mecânica de um relógio em perfeita sintonia e precisão também citava a cor das camisas laranjas que dominaram o campo.
Se você prestar atenção na bandeira dos Países Baixos, no entanto, vai perceber que a cor que marcou o mundo e a seleção não faz parte do símbolo nacional. Um padrão diferente de outros países tradicionais em Copas como o Brasil, a Argentina e a França, por exemplo.
Acontece que, assim como a maioria dos países europeus, o território onde hoje é a Holanda passou por diversas guerras entre famílias reais. Lá no século XV, uma família, os tais dos Nassau-Orange, estava começando a se espalhar pela Europa casando e brigando entre si, até que um deles, o Guilherme Nassau-Orange, resolveu juntar os povos que moravam na região para lutar na Guerra dos 80 anos, que culminou, enfim, na Independência dos Países Baixos.
Por isso, para o lado deles da história, o Guilherme é um herói de guerra, e usava na sua armadura as cores azul, branco e laranja em homenagem ao sobrenome da família dele - em português orange significa laranja.
Essa história é tão famosa lá que um cara da família dele é Rei dos Países Baixos até hoje e também se chama Guilherme. Além disso, a bandeira da Holanda era para ser nas mesmas cores da armadura do Guilherme I, mas, na época, o laranja quando envelhecia desbotava e ficava parecendo vermelho, então eles mantiveram assim.
Já a Federação Real Neerlandesa de Futebol, que tem até Real na sigla, só foi fundada na era moderna, em 1889, quando esse problema da tinta não era mais uma questão, e resolveu fazer a homenagem completa com a camisa laranjona mesmo.
As guerras europeias de pré-formação das identidades nacionais são parte importante da história e da sociedade de muitos países até hoje, e a Holanda não foi a única a refletir isso na cor da camisa da sua seleção de futebol, mas essa já é outra história.