Se você acompanhou a Champions League na temporada 18/19 deve ter se impressionado com as atuações espetaculares do Ajax. Os jovens daquele time, com estilo de jogo bonito e eficiente, conquistaram a simpatia de torcedores e ajudaram a recolocar o nome e o emblemático escudo do clube entre os mais falados do futebol. E a história de sucesso dos Godenzonen (filhos dos deuses) é bem longa.
Criado em 1900, o Ajax tem raízes na mitologia. O nome do clube foi inspirado no herói grego Ájax, o Grande, reconhecido por sua destreza e coragem na Guerra da Tróia. Nos primeiros anos, a homenagem direta à figura mítica ficou só no nome mesmo. O personagem principal do distintivo era um jogador com a camisa do clube chutando uma bola.
Pouco mais de uma década depois, as primeiras alterações aconteceram por causa de uma regra do campeonato nacional. Na época, duas equipes não podiam ter uniformes com modelos e cores semelhantes e, se ocorresse uma situação assim, cabia ao clube mais novo trocar. Foi exatamente esse o caso do Ajax que, como o Sparta Rotterdam, vestia uma camisa listrada vermelha e branca. O clube da capital, fundado depois, foi obrigado a mudar e optou por usar calções brancos e retirar as listras da camisa, adotando a tão famosa faixa vertical central - a inspiração veio de um clube da cidade que tinha fechado as portas -. O jogador em destaque no escudo apareceu com o novo uniforme e o clube aproveitou para atualizar outros elementos.
No final dos anos 20, uma mudança drástica que tornaria o emblema um dos mais famosos e singulares do futebol. A imagem do herói apareceu desenhado meio realisticamente; junto a ela, apenas o último nome (e mais conhecido) do clube e um brasão pequeno com as cores originais da instituição. O Ajax usou esse distintivo por incríveis 63 anos.
A última modificação aconteceu em 1991 e tem um detalhe curioso nele: o herói Ájax foi desenhado com apenas 11 linhas para representar os 11 jogadores em campo. Pode contar, se quiser...
Se inspirando na força e coragem do guerreiro, a trajetória vitoriosa dos Godenzonen começou a ser escrita no país e no continente. Até agora são 34 títulos de Campeonato Holandês e 19 de Copa da Holanda – para orgulho dos torcedores, o Ajax é o único clube a ter 3 estrelas em cima do escudo para representar as mais de 30 conquistas do Nacional.
Na Europa, as gerações revolucionárias e super talentosas de Cruyff, na década de 70, e de Seedorf, Davids, de Boer e companhia, nos anos 90, encantaram o planeta e encheram a sala de troféus do clube: foram 4 Ligas dos Campeões, 2 Mundiais, 1 Copa da UEFA, 3 Supercopas da UEFA e algumas outras taças pelo caminho.
Depois da era vitoriosa construída por esses caras, o Ajax passou um tempo em baixa nas competições internacionais. A torcida fanática, lembrando dos tempos de glória e carente de protagonismo fora do seu território, continuou apoiando e viveu um sonho com a campanha espetacular que levou o clube à semifinal da Champions, em 2018. O final, no entanto, não lembrou em nada os momentos felizes de outras épocas. Dentro de casa, a eliminação na semifinal veio dos pés do brasileiro Lucas no último minuto de jogo.
Mesmo assim, as grandes atuações nas noites europeias de futebol mostraram como o escudo do Ajax é poderoso e carrega mais histórias do que se pode imaginar.
*O Ajax da década de 90 era base da talentosa e controversa Seleção Holandesa. Falamos sobre isso no episódio 2 do Raro Efeito, nosso podcast. Ouça aqui.