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LEIA

22 de mar. de 2024

Por que as torcedoras iranianas são proibidas de entrar nos estádios

Entenda a razão dessas mulheres fingirem ser homens nos estádios e o porquê dessa lei ter resultado num dos episódios mais tristes do futebol em 2019.

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PELEJA

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Imagine que te prendam por você estar fazendo o que mais gosta no mundo: assistir seu clube do coração jogar. No Irã, o ultraconservadorismo de uma lei cruel causou uma tragédia repercutida no mundo inteiro. 


Apenas um país ainda proíbe a entrada de mulheres nos estádios: o Irã. As poucas fotos de mulheres iranianas em estádios são fora do Irã. E é comum ver faixas de protesto censuradas ou retiradas por autoridades, como aconteceu nas Olimpíadas no Rio em 2016.


Nas Olimpíadas 2016, a ativista Darya Safai protestou contra a proibição da entrada de mulheres nos eventos esportivos do país, no duelo de vôlei entre Irã e Egito, mas foi reprimida pelas autoridades. Foto: AP.

“Se mulheres virem homens com as pernas de fora, serão guiadas ao pecado.” - Essas foram as palavras do procurador geral do Irã. Ele ainda ameaçou prender oficiais que permitissem a entrada delas nos estádios. 


Por conta do fundamentalismo religioso e de leis retrógradas, as mulheres são obrigadas a ficar longe do esporte mais assistido do mundo, mas resistem com muita coragem.



Torcedoras iranianas disfarçadas para assistirem aos jogos. Foto: reprodução.

Essa é uma foto de torcedoras que se passam por homens para conseguirem entrar sem serem notadas. As imagens foram divulgadas por elas mesmas em suas redes sociais. Já fotos sem os disfarces foram divulgadas pela mídia iraniana.


Na maioria das vezes, elas passam despercebidas nas arquibancadas. Em alguns casos, as autoridades percebem que as perucas e barbas são falsas e prendem essas mulheres. Segundo o Human Rights Watch, dezenas de mulheres têm sido presas anualmente por entrarem em estádios no Irã. Uma delas foi Sahar Khodayari, de 29 anos. Em março, ela tentou entrar infiltrada para assistir ao Esteqlal, seu clube do coração. No entanto, as autoridades descobriram e Sahar foi mantida presa por 3 dias.



Khodayari morreu após ficar cerca de uma semana internada. Foto: reprodução.


“Depois de ser levada para a prisão, ela ficou muito abalada e aterrorizada.”, disse sua irmã em entrevista à agência estatal Rokna.


O julgamento foi marcado para 1º de setembro de 2019, mas foi adiado em cima da hora por compromissos pessoais do juiz. Quando Sahar soube do adiamento, ouviu também que poderia pegar até 2 anos de prisão. Ela então decidiu queimar seu próprio corpo e veio a falecer no hospital. Uma torcedora de futebol. Uma apaixonada pelo seu clube. Uma mulher aterrorizada e morta por conta de leis criadas pelo homem.


O ex-jogador iraniano do Bayern de Munich Ali Karimi, que sempre defendeu o direito das mulheres de entrarem em praças de esportes, pediu para que os iranianos boicotem os estádios, em protesto pela morte de Sahar. Depois de muita pressão, a Ministra da Mulher no Irã disse que irá pedir à Polícia que abra uma investigação sobre o caso. 


É claro que esse tipo de lei bizarra não existe num país como o Brasil, mas ainda há um longo trajeto a ser percorrido até que sejamos exemplo. Procure se informar sobre os movimentos e coletivos femininos presentes na torcida do seu clube que promovem a resistência e o protagonismo da mulher nas arquibancadas. O futebol, apesar de tudo, pode e deve ser usado também como ferramenta de conscientização e transformação.


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