Na Copa do Mundo de 2022, vários fatos e acontecimentos chamaram a atenção e ficaram marcados na história do futebol. Além da magistral conquista da Argentina, as atuações brilhantes de Mbappé e a consagração inquestionável de Lionel Messi, a pluralidade existente nas arquibancadas foram um algo a mais do torneio. Especificamente, um dos grandes marcos da primeira Copa da história disputada no Oriente Médio envolveu os direitos das mulheres. Essa, inclusive, é uma pauta constantemente levantada pelas iranianas e a causa disso a gente já te contou no Documento PELEJA. No Mundial, muitas torcedoras puderam, pela primeira vez, frequentar um estádio e viver o futebol por essa ótica.
Apesar da crise dos direitos das mulheres promovida por um Estado autoritário parecer uma realidade muito distante, o Brasil não é exemplo no tratamento e respeito com torcedoras. Um levantamento de 2020, desenvolvido pela Federação Paulista de Futebol, constatou que apenas 14% do público total nos estádios do campeonato era composto por mulheres. A pesquisa engloba apenas jogos do estadual de São Paulo, mas provavelmente o baixo e alarmante número se mantém nos demais torneios.
Uma outra matéria ainda mais preocupante foi desenvolvida pelo portal PressFut. Em um levantamento realizado em 2021, mais de 75% das mulheres entrevistadas declararam ter medo ou receio de frequentar estádios de futebol. E esse sentimento é comprovado quando 66% assumiram já terem sofrido algum tipo de assédio ou preconceito no local.
Diante dessa lamentável realidade, o início do Campeonato Paranaense 2023 vem se tornando um marco na história do futebol brasileiro. E a gente te conta o porquê.
Por causa de confusões e brigas de torcida no estadual do ano passado, o TJD-PR determinou que os rivais Coritiba e Athletico Paranaense começassem o campeonato desse ano com os portões fechados. Um tempo depois, o órgão voltou atrás com a punição e definiu que os portões seriam abertos, mas exclusivamente para mulheres e crianças de até 12 anos. Com isso, o que seria uma punição acabou criando um clima até então inédito no futebol.
Nos jogos do Coritiba e do Athletico, as mulheres assumiram o protagonismo, lotaram o Couto Pereira e a Arena da Baixada, respectivamente, e proporcionaram uma das festas mais históricas do futebol nacional.
Enquanto cerca de 8 mil mulheres e crianças estiveram no Couto Pereira, no último sábado (21) mais de 32 mil transformaram a Arena da Baixada em um verdadeiro caldeirão, fazendo com que a vitória do Furacão, com gol de Khellven, ficasse totalmente em segundo plano.
O PELEJA decidiu colar pra ver isso de perto e viajou até o Paraná para cobrir tudo o que rolou por lá. O conteúdo produzido em Curitiba vai ao ar ainda nesta semana e você poderá conferir em nossas redes sociais. Enquanto isso, dá uma olhada em algumas fotos que fizemos da tarde histórica de futebol na capital paranaense.
Em um país onde as mulheres não têm seus direitos básicos assegurados e um ato tão simples como o de ir torcer por seu time no estádio se torna algo perigoso, acontecimentos como os de Curitiba têm um poder revolucionário. E isso precisa ser sempre destacado.