Se você tentar andar pela região do Allianz Parque em dia de jogo do Palmeiras vai ver como essa missão é quase impossível. Há anos ocupando o mesmo pedaço da cidade de São Paulo, o estádio tem uma localização privilegiada, que cria uma atmosfera que nenhum outro na área é capaz de replicar. Isso pois horas antes do apito inicial, as ruas paralelas já estão tomadas por torcedores que lotam os bares, as calçadas e até as vias.
Depois da reforma que transformou o antigo Palestra Itália no Allianz Parque, a rua se tornou o estádio de muita gente. É lá que torcedores sem ingresso se reúnem para acompanhar o jogo que acontece a alguns metros de distância, mas que eles não têm acesso. As vezes nem é pelas entradas terem esgotado rapidamente ou falta de vontade de ver o time ao vivo, mas o valor do ingresso.
Torcedores na rua no pré jogo de Palmeiras x Flamengo.
Crédito: PELEJA/Pedro Brienza
No jogo da semifinal da Libertadores 2023 contra o Boca Juniors no Allianz, o Palmeiras vendeu os ingressos mais caros da história do estádio, com o mais barato sendo 240 reais. Isso tudo em meio a falas polêmicas da presidente do clube. Em uma reunião do Conselho Deliberativo, Leila Pereira rebateu as críticas aos valores elevados e afirmou: "Quem não pode pagar R$50 para ir ao Allianz Parque, não vai". Assim, as ruas são a solução.
As celebrações alviverde nas arquibancadas são frequentes com suas músicas, coreografias e mosaicos. Mas na rua Caraíbas, logo em frente a entrada principal do estádio, o que rola é uma festa parecida, e que, pela primeira vez, contou com um mosaico no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil 2024.
Torcedores participam de mosaico na rua.
Crédito: PELEJA/Pedro Brienza
A iniciativa foi do Crizz, dono do bar O Sobrado, que direto convoca a galera para fazer esse apoio nas ruas cada dia mais vivo. A ideia era levar a arquibancada pra rua, pra quem tá do lado de fora também participar da festa que tem ingressos contados do lado de dentro.
"Tem muita gente que não tem o poder aquisitivo, tem várias barreiras que impedem o torcedor de vivenciar um mosaico na arquibancada, daí eu pensei: Por que não trazer pra rua?", comentou Crizz, em entrevista ao PELEJA. "O torcedor é a alma. Enquanto tiver torcedor vai ter futebol. E a rua ainda pulsa isso".
Crizz, dono do bar O Sobrado e organizador do mosaico na Caraíbas
Crédito: PELEJA/Pedro Brienza
A organização para tudo isso acontecer em uma via pública foi complexa, desde coordenar para que nenhum carro estacionasse por lá durante o dia, até a arrecadação de fundos para os materiais. Mas com a ajuda de comerciantes e de algumas torcidas organizadas, quem estava do lado de fora não se sentiu excluído. Com faixas, fumaça e sinalizadores, a mensagem foi passada. "É o verde que nos move" foi a frase escolhida para o primeiro mosaico dos próximos que ainda vão rolar na Rua Caraíbas.