Em junho de 2023, a Corte Francesa decidiu por manter a proibição do uso de hijab por jogadoras muçulmanas em suas competições nacionais. A decisão se baseia na norma da Federação Francesa de Futebol (FFF) que proíbe "qualquer sinal ou roupa que mostre claramente afiliação política, filosófica, religiosa ou sindical" durante o jogo.
A reafirmação da norma veio após um grupo de jogadoras protestarem e iniciarem uma ação contra a proibição. Segundo o grupo denominado "As Hijabeuses", que liderou a campanha, “a decisão vai contra a coesão social em um país baseado na diversidade e no pluralismo”. Mesmo com o movimento, a regra segue inalterada.
MULHERES MUÇULMANAS JOGANDO FUTEBOL EM SOLO FRANCÊS. REPRODUÇÃO: BERTRAND GUAY/AFP/FILE
Entretanto, esse impedimento é restrito às partidas das ligas e copas nacionais francesas, e nada impacta as competições comandadas pela FIFA. Com isso, a Copa do Mundo de 2023 será histórica: pela primeira uma jogadora vai atuar com o hijab no torneio.
A marroquina Nouhaila Benzina concretizará esse feito quando Marrocos enfrentar a Alemanha no dia 24 de julho, na primeira rodada do Mundial. A defensora de 25 anos joga com a vestimenta e está convocada para defender seu país. Outras jogadoras também já atuaram de hijab em competições de categorias inferiores, mas Benzina será a primeira a nível profissional.
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E Benzina e o Marrocos chegam para a Copa com a moral alta. No ano passado, o país se tornou o primeiro de origem árabe a participar da final de um torneio continental. Sediando a competição, as marroquinas conquistaram vaga na decisão do Campeonato Africano de Futebol Feminino (WAFCON) ao derrotarem a poderosa Nigéria, já 11 vezes campeã, na semi. Na final, acabaram derrotadas pela África do Sul, mas o desempenho foi suficiente para que elas chegassem ao Mundial deste ano.
MARROCOS EM CAMPO DURANTE A WAFCON. REPRODUÇÃO: GOAL
Em 2007, a FIFA já tinha proibido todas as vestimentas que considerava "um risco à segurança", enquadrando o hijab nesses termos. Sete anos depois, a ação foi suspensa e as jogadoras muçulmanas que optavam por manter suas tradições deixaram de ser excluídas do esporte.
De 736 jogadoras que estarão no Mundial da Austrália e Nova Zelândia, Benzina será a única que usará o hijab, mas o impacto que ela causará expressando sua crença enquanto disputa a principal competição do planeta ficará marcado na história.