top of page

LEIA

23 de ago. de 2023

O Hajj do futebol: jogadores muçulmanos estão encontrando aceitação na Arábia

Para muitas estrelas do futebol mundial, estar pela primeira vez próximos da própria cultura é um privilégio.

por

Pedro Brienza

ESSE FOI O REBAIXAMENTO MAIS ABSURDO QUE VOCÊ NÃO VIU
11:50
POR DENTRO DA TORCIDA MAIS REGGAE DO MUNDO
13:35
POR QUE ESSE SOM NA TORCIDA DO VITÓRIA É DIFERENTE DE TUDO QUE VOCÊ JÁ VIU
11:03
POR QUE É PROIBIDO TOCAR FUNK NA TORCIDA DO PAYSANDU
15:06
É POR ISSO QUE O KROSS NUNCA MUDA DE CHUTEIRA
04:37
POR QUE AUTORIDADES SUGEREM M4C0NHA EM VEZ DE ÁLCO0L NA EURO 2024
03:02
ESSA FOI A HOMENAGEM MAIS EMOCIONANTE DO FUTEBOL EM VIDA
04:22
É POR ISSO QUE ESTÃO QUERENDO ACABAR COM O VAR NA INGLATERRA
05:09
POR QUE ESSES JOGADORES FRANCESES ODEIAM A EXTR3MA DIREITA
04:12
POR QUE ESSE GESTO DA TURQUIA NA EURO É TÃO POLÊMICO
06:54
POR QUE OS TORCEDORES JOVENS DA INGLATERRA ESTÃO VICIADOS EM PORR4DA
09:43
POR QUE O MORATA É TÃO CRITICADO NA ESPANHA
06:17

Hajj é uma palavra árabe que significa peregrinação, e é o nome usado para a peregrinação até a cidade de Meca, na Arábia Saudita.


Karim Benzema está feliz. Sadio Mané, também. E o novo mercado que se abriu na Arábia Saudita para que grandes estrelas do futebol possam continuar sua carreira com salários competitivos, e até maiores do que na Europa, levantou uma discussão interessante e uma experiência que jogadores muçulmanos jamais tiveram.


Manifestações religiosas sempre foram tabu no futebol. No clássico escocês entre Celtic e Rangers, por exemplo, um sinal da cruz já foi motivo de uma questão gigantesca nas arquibancadas. Mas ainda assim, era uma manifestação cristã e uma rusga entre cristãos. A faixa ‘100% Jesus’, do Neymar, ou a camiseta “I belong to Jesus”, do Kaká, nunca causaram burburinho na mídia durante e depois das suas exposições, mas basta um jogador fazer um gol e colar sua cabeça no chão que o choque é praticamente imediato.



Sim, existe uma diferença grande entre ignorância e intolerância religiosa, mas uma coisa geralmente leva a outra. Mohamed Salah se tornou um ídolo, um rei em seu país e também para árabes que vivem na Inglaterra quando se comprometeu a comemorar seus (muitos) gols saudando a Allah e manifestando sua fé em Anfield Road. De acordo um estudo da Universidade de Stanford de 2019, a fama do jogador ajudou a reduzir drasticamente os casos de Islamofobia na cidade de Liverpool desde a sua chegada.


E olha que estamos falando do século do ódio do ocidente ao Islã.


Desde a virada do milênio e dos incidentes de setembro de 2001, a campanha anti-Islã é uma das mais fortes do período hiperconectado, e com a onda migratória, principalmente da Síria no início da década passada, esse contexto ficou ainda mais evidente.


Países como Inglaterra, França, Espanha e Itália elegeram ou fortaleceram movimentos políticos com agendas contra imigração de africanos e árabes, além de discursos diretos contra a manifestação cultural dessas pessoas. Na França, cobrir o rosto em público com adereços religiosos é proibido, e desde 2021, mulheres com menos de 18 anos estão proibidas de usarem o Hijab, o véu que cobre os cabelos, em público.


E coincidentemente ou não, são esses países que sediam os principais campeonatos de futebol do mundo e atraem talentos de todas as partes do planeta. Nunca foi segredo para ninguém a rusga de Benzema com a França. Apesar de representar a seleção em uma Copa do Mundo, desde 2015, o atacante que foi Bola de Ouro em 2022, alimentou uma briga pública com a Federação Francesa, acusando os líderes da entidade de racismo e intolerância religiosa.


Em 2022, Sadio Mané teve que pedir para que Henderson, capitão do time, falasse com Jurgen Klopp, técnico alemão, sobre trocar o horário de treinos do Liverpool para acomodar melhor a agenda de pelo menos cinco jogadores durante o período do Ramadã. No mesmo ano, já em Munique, ele teve que posar para a foto da patrocinadora do Bayern, uma marca de cerveja, sem nada nas mãos, uma cena que se repete desde a passagem de Franck Ribéry, também muçulmano, pelo clube alemão. Em Jeddah, jogando pelo Al-Nassr, ele nunca vai precisar passar por isso, ou ter que explicar nada sobre sua religião a ninguém.


No último mês, vídeos viralizaram pelo mundo todo, principalmente entre os países árabes, mostrando as visitas tanto de Benzema quanto de Mané a Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, que fica 80 quilômetros distante de Jeddah, capital do país e novo polo do futebol mundial.



É lá onde fica a Pedra Negra de Meca, local sagrado onde Maomé destruiu as imagens de todos os deuses e revelou aos humanos a onipotência de Allah, segundo o alcorão. Ainda de acordo com as escrituras, todo muçulmano, pelo menos uma vez na vida, deve visitar Meca durante uma peregrinação chamada Hajj, que leva mais de dois milhões de pessoas ao mesmo lugar todos os anos.



As motivações para o investimento brutal da Arábia Saudita no futebol são escusas. O tratamento do governo com dissidentes viola direitos humanos e segue sendo pouco transparente com comunidades internacionais e tem que ser apontado todas as vezes que o futebol for utilizado para mudar uma percepção de realidade, mas essa ida de estrelas do futebol para lá tende a mostrar como mesmo globalizado, o esporte ainda esconde diferenças culturais que não têm como ser apagadas.


ASSISTA

bottom of page