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16 de mar. de 2023

O futebol brasileiro no Oscar: "Marte Um" na trave

O futebol é utilizado para contar a história de uma humilde família no longa dirigido por Gabriel Martins.

por

João Vasques Rosa

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O cineasta Pasolini certa vez escreveu que "Cada gol é uma invenção, uma subversão do código: cada gol é fulgurante, espanto, irreversibilidade". Façamos uma leitura dos sonhos em jogo em Marte Um partindo dessa afirmação.


O caçula da família, Deivinho, joga no Colo Colo, time de várzea da cidade de Contagem-MG. O garoto é um dos craques da equipe e seu pai, sempre presente, registra seus gols e os compila em vídeos de melhores momentos para divulgar o filho. A oportunidade de ouro surge: uma vaga numa peneira arranjada por Sorín, ex-jogador do Cruzeiro que passa a morar no prédio em que o pai de Deivinho trabalha.


No campo da irreversibilidade, percebemos que o talento de Deivinho em anotar gols o encaminha à irreversível sina de ser a extensão do sonho do pai.


DIVULGAÇÃO/FILMES DE PLÁSTICO


Cruzeirense fanático, Wellington tem o sonho o de ver o filho ser profissional pela raposa, jogando no mineirão pulsante. Numa décacada de 10 que se finda à luz da tensão que divide a sociedade em meio a um novo governo, o pai da família não tem muito tempo a perder com ideologia romântica: deve-se trabalhar. Sob a pressão da inflação, os banhos devem ser mais curtos mas o pay-per-view do futebol, mantido. A obstinação do patriarca se estende à sua luta contra os vícios.


Tércia, a mãe, enfrenta uma batalha espiritual e sua trajetória ao longo do filme resvala no ponto da zica, superstição e azar. Tais temas, intrínsecos ao futebol porque são intrínsecos à vida, passam a ditar os comportamentos da mãe, que chega a optar fazer uma viagem para que nada de ruim ocorra a Deivinho. Indiretamente, trata-se de mais uma cábala em função do jogo.


Da mesma forma, a filha Eunice enfrenta a dureza dos novos eventos que se apresentam à sua vida: a vontade de mudar de casa, a indefinição de seu futuro e a revelação de sua homossexualidade, que ocorre simbolicamente enquanto a família assiste ao clássico de BH: gol do Atlético e luto na casa.


DIVULGAÇÃO/FILMES DE PLÁSTICO


Recuperando Pasolini, Deivinho transgride algumas barreiras que se construíram acerca do futebol: sonho garantidor da mudança social, símbolo extremo da esperança. Ao abdicar da peneira, se permite sonhar com outro mundo, um marte que permite que os meninos almejem também estudar e nao apenas amar (e eventualmente se frustrar com) a bola.


O futebol é a coluna de sustentação de Marte Um sem ser o foco. Isto se dá porque na vida do brasileiro também é assim. Entre sonhos e frustrações, momentos de divertimento no fim de semana, conversas no meio do expediente, notícias amargas e presentes de Natal como um livro de Tostão, aprendemos a deixar o esporte conviver com outros aspectos da vida.


DIVULGAÇÃO/FILMES DE PLÁSTICO


O filme de Gabriel Martins foi indicado pela Academia Brasileira de Cinema para representar nosso país no Oscar na categoria Melhor Filme Internacional de 2023 mas não decolou.

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