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9 de mar. de 2023

Lado B da Libertadores: o clube que não podia voltar para casa

Esse clube boliviano conseguiu um dos feitos mais incríveis de toda a história da Copa Libertadores da América em uma campanha memorável.

por

Artur Magalhães

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Se você acompanha fielmente o futebol sul-americano, já conhece ou pelo menos já ouviu falar sobre o Always Ready, um modesto clube boliviano. Se não ouviu, não tem problema, não é nenhum absurdo. O time tem conquistado cada vez mais espaço na mídia com recentes aparições na Libertadores e memoráveis jogos. Em 2021, por exemplo, chegou a aprontar uma zebra pra cima do Internacional. Já no ano seguinte, venceu o Corinthians de Vítor Pereira. Mas a história desse clube na Libertadores não começou recentemente e não se resume apenas a ser carrasco de brasileiros. A história que eu vou te contar é sobre uma das mais simbólicas - e bizarras - campanhas da história da competição.



No ano 1967, um desconhecido Always Ready foi campeão de forma inédita do chamado Torneio Nacional Boliviano e, com isso, conseguiu se classificar para a Copa Libertadores do ano seguinte, também pela primeira vez em sua curta história. O feito foi muito comemorado por torcida, jogadores e dirigentes. Estavam fazendo história no clube que tinha seus quase 40 anos de existência.


Na Libertadores, o time caiu no grupo B, junto com os peruanos Sporting Cristal e Universitário, e o também boliviano Jorge Wilstermann. Só que, começado o torneio, o desempenho do Always foi se tornando cada vez mais frustrante. O rendimento abaixo do esperado levou o clube a uma crise financeira complicada. Os gastos para disputar a Libertadores, uma competição continental, eram elevados e a Conmebol não prestava o suporte necessário.



As primeiras partidas foram em solo boliviano. Dois jogos em casa e um como visitante contra o Jorge Wilstermann. Apesar da vantagem de jogar em seu país, os resultados foram desastrosos:


• Always Ready 0x3 Universitário • Always Ready 1x4 Sporting Cristal • Jorge Wilsterman 3x0 Always Ready

Após essa sequência ruim de jogos na Bolívia, o time viajou de ônibus para o Peru para enfrentar os dois rivais internacionais nos jogos de volta. E é aí que as coisas começaram a sair do controle.


Em Lima e, logo na primeira partida, uma surpresa: o Always Ready conquistou seu primeiro - e que seria o único - ponto na Libertadores. Arrancou um empate em 1 a 1 com o Sporting Cristal. Após começar em desvantagem, um gol salvador depois dos 20 do segundo tempo garantiu o resultado. Mas a alegria durou pouco. Na partida seguinte, levou um sacode do Universitário: um sonoro 6x0.



Só que o atropelo do Universitário estava longe de ser o maior problema que o clube teria que encarar em Lima. Se lembra das dificuldades financeiras já mencionadas? Após pagar a hospedagem e a alimentação do plantel, os dirigentes - que naquela época viajavam junto com a delegação - ficaram simplesmente com os bolsos vazios. Eles literalmente não tinham mais dinheiro pra nada. Não havia recurso nem para pagar o combustível para retornar à La Paz. Era um trajeto de 1.518km e os bolivianos estavam completamente perdidos.


Eis que alguém do plantel teve a astúcia de pensar em uma solução para o caso. Não se sabe de quem foi que teve a ideia, mas não era algo tão fora da caixinha: “como um clube faz dinheiro no futebol? Jogando.” Então, após uma importante reunião, ficou decidido que o Always Ready faria amistosos nas cidades que passasse, como uma verdadeira turnê, e assim juntaria o dinheiro necessário para conseguir voltar para casa. E assim foi.


O clube fazia um jogo, juntava magras receitas para pagar o combustível até a cidade vizinha, a alimentação da comissão e dos jogadores e a hospedagem do lugar. Aí sim, seguia viagem. Na próxima cidade, repetiam o processo.



Após incontáveis paradas e inúmeros amistosos disputados, o Always Ready finalmente conseguiu chegar em casa. Foram 2 semanas na estrada, entre viagens e amistosos. O retorno foi tão atrasado que o time não conseguiu chegar a tempo de disputar a última partida da fase de grupos, o jogo como mandante contra o compatriota Jorge Wilsterman.


A partida foi adiada e disputada algum tempo depois -o resultado final foi de 1 a 1-. Na teoria, o Always Ready tinha conquistado mais um ponto na competição internacional, chegando aos seus suados 2 pontinhos, certo?! Não foi bem assim. Pelos 10 dias de atraso “injustificado”, a Conmebol resolveu punir o clube com uma derrota.



E essa foi por muito tempo a última participação do Always Ready na competição. Só em 2021, após 53 anos, o time voltou a disputar a Copa Libertadores. Inclusive, conseguiu nessa edição sua primeira vitória nela: o heroico 2 a 0 sobre o favorito do grupo Internacional.


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