Muitos clubes de futebol tentam preservar suas origens de maneiras diversas: símbolos, músicas, museus, camisas comemorativas...
Essa não é uma grande questão no Vasco, clube brasileiro que carrega desde sempre, em cada detalhe, a sua história.
E Vasco da Gama parece mesmo ser um nome destinado à grandeza. O navegador português foi responsável por encontrar uma rota oceânica do seu país para a Índia, naquela que se tornou a viagem mais longa da época. O “novo território” era de grande serventia aos interesses dos exploradores portugueses, visto que produzia tecidos, pedras valiosas e outras especiarias.
Tamanha foi a importância dele na história de Portugal que, quando o feito completou 400 anos, em 1898, mesmo período em que o clube nascia, os fundadores, em sua maioria imigrantes portugueses, decidiram homenageá-lo e colocaram seu nome na nova agremiação.
Mas as ligações com esse momento histórico não pararam por aí. As cores e os símbolos também foram pensados para homenagear a grande navegação. O preto simbolizava os mares orientais desconhecidos; o branco, presente inicialmente em uma faixa horizontal e depois diagonal, faz referência ao descobrimento da rota; a faixa foi escolhida para representar caminho, passagem.
E no meio do preto e branco, o vermelho era imponente através da famosíssima Cruz de Malta, representação da fé cristã. Mas e se te falarmos que um dos mais importantes símbolos do Vasco foi incorporado pelo clube de forma errada?
A cruz que está presente no escudo do clube não é uma Cruz de Malta, é uma Cruz Pátea. E mais, nenhuma das duas (Pátea e Malta) tem a ver com navegações e com a história portuguesa. O símbolo usado nas caravelas era a Cruz da Ordem de Cristo, a mesma vista no emblema da Seleção de Portugal.
O erro aconteceu ainda na fundação e, como o “cruzmaltino” foi sendo cada vez mais usado para se referir ao clube, ficou praticamente impossível de corrigir. E não é só o Vasco que se confundiu com esse monte de imagens e nomes; a Seleção Brasileira também carrega a Cruz de Malta errada no seu emblema.
Em 2010, o então presidente Roberto Dinamite até tentou reparar isso de alguma maneira e autorizou o lançamento de uma camisa com a Cruz da Ordem de Cristo, a que deveria ter sido utilizada desde o começo.
Por falar em início, em 1903, doze anos antes do futebol começar a ser praticado por lá, um escudo redondo foi lançado oficialmente como símbolo da instituição e um importante elemento foi acrescentado: a tradicional caravela apareceu.
Já na década de 20, mudanças no formato aconteceram. A primeira versão do distintivo tão conhecido hoje foi adotada, a faixa diagonal apareceu atrás da caravela, sobre o fundo preto, e o nome completo do clube deu lugar às iniciais entrelaçadas.
Sessenta anos mais tarde, o escudo foi remodelado e modernizado, assim como aconteceu em 2012, com apenas alguns detalhes sendo alterados.
As camisas do Vasco também costumam seguir um padrão e raramente são alteradas – ou é preta com a faixa branca, ou branca com a faixa preta. A tradição dos uniformes é tão grande que causa dúvida em muitos torcedores: afinal, qual é a camisa titular do Gigante da Colina?
Embora a preta seja a resposta, por seguir a bandeira do clube (preta com faixa branca), não é incomum ver o uniforme branco ser usado com frequência em ações institucionais e até em jogos decisivos. O Almirante, mascote oficial do Vasco que também foi escolhido por se relacionar com o comandante português, usa a camisa branca com frequência nas partidas disputadas em São Januário.
A relação entre essas duas cores, assim como no início da sua trajetória na modalidade, continua tendo destaque na história vascaína.