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9 de jun. de 2023

"Ele sozinho já se paga". Será mesmo?

Depois de uma grande contratação, sempre surge a teoria de que as vendas de camisa de um grande craque já pagam sua transferência. Mas será que ela faz sentido?

por

Artur Magalhães

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Logo que acontece uma contratação midiática no futebol, começam as discussões e desconfianças sobre o jogador valer ou não a pena para o time pela quantidade exorbitante de dinheiro que sairá dos cofres para pagar por ele - considerando que pode haver um valor de compra, e que há os salários e as luvas milionárias. E é aí, normalmente na calorosa discussão na mesa do bar, que surge aquele comentário para acalmar os ânimos e a ansiedade geral: “ah, só a venda de camisas já paga”.


Mas será mesmo?


Essa afirmação se baseia no óbvio: um jogador com um grande nome vende mais camisas, valoriza mais a marca, atrai mais patrocinadores e, consequentemente, já pagaria os custos da sua própria contratação.


Desde que chegou ao PSG em 2017, por exemplo, Neymar bateu todos os recordes possíveis de vendas de camisas. Em apenas seis horas, um dia após oficializar sua ida ao Paris, mais de 86 mil camisas já tinham sido comercializadas e a arrecadação tinha chegado a marca impressionante de €1 milhão bruto. Mas se liga nisso: o valor pago pelo brasileiro foi de 222 milhões de euros, com mais €100 milhões de impostos pela transação e um salário anual de €35 milhões; como esse montante é livre de impostos, o clube ainda gasta cerca de €37 milhões anuais com o fisco francês. Mesmo com a venda nos dias, meses e anos seguintes, em vários lugares do mundo, é difícil imaginar que todo esse valor seria pago só com isso.


NEYMAR EM SUA APRESENTAÇÃO NO PSG. CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS


Até 2019, Neymar e Mbappé, juntos, representaram mais de 80% das vendas de camisas do clube, até que, em 2022, em entrevista ao jornal "Marca", o responsável pelo marketing do PSG, Fabien Allègre, revelou que Lionel Messi superou, por muito, a dupla. Naquele ano, 54% das camisas vendidas pelo PSG levavam o nome do argentino nas costas.


Mesmo com as porcentagens altas de vendas, as proporções já dão uma pista de que um jogador não pode se pagar só com a comercialização de camisas com seu nome. Esse discurso é muito popular, nasceu há muito tempo e persiste até hoje, mas na realidade não passa de um mito.


Em 2016, um boato tomou conta das redes sociais afirmando que o Manchester United já estava lucrando com a contratação de Zlatan Ibrahimovic antes mesmo dele entrar em campo. O rumor citava que o United teria arrecadado £76 milhões com a venda de camisas apenas na primeira semana de “efeito Zlatan”. A mesma teoria surgiu quando Cristiano Ronaldo acertou com a Juventus. Nesse caso, o clube italiano já havia recuperado todo o investimento feito na transferência só com vendas da camisa com o badalado número 7, mas no final não foi bem isso que rolou e a Velha Senhora teria, inclusive, entrado no vermelho depois da chegada do português.


TORCEDORES COM CAMISAS DO CR7 NA JUVENTUS. ISABELLA BONOTTO/AFP


No Brasil, esse papo rolou quando o Corinthians trouxe Ronaldo e Roberto Carlos, quando o Flamengo trouxe o Ronaldinho, quando o Botafogo trouxe o Seedorf e até agora, recentemente, com Luis Suárez chegando no Grêmio.

Acontece que não é assim que funciona. A grande maioria das receitas geradas pela venda de camisas não é nem recebida diretamente pelos clubes. Ao colocarem as camisas nas prateleiras das lojas para serem adquiridas pelos torcedores, os clubes já receberam o pagamento antecipado da Nike, da Adidas, da Puma, da Umbro ou seja qual for o seu parceiro comercial.


Os pagamentos anuais que as fornecedoras fazem para os clubes se tornam, efetivamente, apenas um contrato de licenciamento. Eles são pagos pelas empresas pelo "privilégio" de fabricar e vender produtos com seu nome e marcas registradas. Em média, apenas cerca de 10% a 15% das vendas podem ir para o clube nos chamados royalties adicionais.


CAMISAS DO BARCELONA NA LOJA DO CLUBE. REPRODUÇÃO/FC BARCELONA


Claro que uma grande estrela valoriza a marca, faz crescer o seu valor de mercado, mas tudo isso também vai depender do quanto ele impacta no sucesso ou no fracasso do time. Ou seja, a máxima do “ele se paga sozinho” pode valer para várias coisas: o desempenho dentro de campo, os títulos conquistados e a identificação criada com a torcida, mas financeiramente falando, por mais badalado que seja o nome, é impossível que ele cubra seus custos, visto que os contratos costumam ser longos, com salários exorbitantes, bônus e premiações milionárias que, na maioria das vezes, nem são divulgados.


Então, por mais encantadora que seja, essa teoria não passa de uma entre tantas na vasta lista de mitos populares futebolísticos.

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